Soneto da Última Matilha
A deriva nesse mar de vazios
vejo esse horizonte trêmulo
e leio os livros raros de Rômulo
cavalgando a noite pleno de arrepios.
A deriva navegando a poesia
sem contar com a vida nem a morte,
esquecendo o azar, também a sorte;
versejando nu até raiar o dia.
Vou plantar jardim, semear a terra
viver sereno longe da guerra;
olhar a estrela em céu de brandura;
tecer um soneto em letra candura
consagrando esse grito final,
exorcizando as matilhas do mal.