Inveja Bruta

Olhai p'ra aquela pedra rija e muda.

Sua forma assimétrica e tão clara;

De complexa figura escravizada;

Pelo suave grilhão da Eternidade.

Olhai como não sente a Natureza:

A tempestade e a fúria rutilante.

Olhai p'ra aquela pedra paciente;

Esperando na eterna inconsciência;

Pela morte das eras e do espaço...

Ah!, olhai, olhai mais e com mais tento;

E havereis de sentir inveja dela,

Pois não sente nem quando nela pisam,

Tem bruta indiferença pelo tempo...

E a Paz irredutível de Não-Ser.