Foi-se toda minha poesia
Com o mesmo vento que te trouxe
Foi-se toda poesia minha
E esse mesmo sol que me aqueceu
Me congela e mata na noite fria.
Todos os meus versos se apagaram,
Gotas numa folha de papel.
Murcham no jardim todas as flores
Na lembrança doce do teu mel.
Mas no tédio de um quarto estranho a noite
Brota-me no peito a rosa quente
E o verso retorna –sangue- das cinzas, ardente.
Pois mesmo que eu veja só aço e asfalto
E mesmo que os loucos me cubram de asco
Teu toque num sonho perdido no tempo, a rosa acende.