A PRIMEIRA PAIXÃO

O meu amor sento na calçada
para te ver passar  rumo à escola.
Nessa hora nem funda, nem bola.
Apenas engasgos, timidez dissimulada.

Nas idades que trago, nenhum amor
é simples. Em dez anos só cabem
fantasias, sonhos, nenhum temor
e doces ilusões que de nada sabem.

Eis aí, no entanto, a verdadeira
paixão. A útil e provável derradeira
paixão inocente. A que servirá de modelo

a tantas outras. A que, sem o devido zelo,
me lançará nas profundezas do inferno,
ou nas doces chamas de um abraço terno.

Nelson Eduardo Klafke
Enviado por Nelson Eduardo Klafke em 19/07/2013
Reeditado em 19/07/2013
Código do texto: T4394751
Classificação de conteúdo: seguro