Sem chão
Andando de forma tão perdida,
Vou vivendo vagando vãs vagas,
Pois tenho em mim essas chagas,
Que fazem a minha alma fendida.
Mesmo que tenho as faltas pagas,
A minha vida nunca fica cândida,
Nem me sinto viver em boa medida,
Pois me falta aquelas doces plagas.
Foi nela que eu vivi maior ventura,
Dessa minha pobre vida sem sorte,
E hoje ao relembrar é uma tortura.
Como estancar esse profundo corte,
Não há mais como fazer uma sutura,
Vou viver assim até a minha morte?