Soneto 2705
Verme que no ermo cemitério freme
Qual tortura infausta vil e maldita
Numa desventura triste infinita
Que no coração mísero seu preme.
Atravessei o tempo consorte teme
Lágrimas de sangue em solo bendita
Vermelhidão secular da desdita
Inquietações d’alma aziaga que geme.
Ela foi vista na eternidade triste
Atura a secura da morte a sorte
Do amor imortal ferido no norte.
Nas pupilas dilatadas que viste
Tanta dor ensurdecedora existe
Na louca fascinante a letal morte.