NO PESO POSSO PÔR PENA PERFEITA
Neste vento volátil tão vendido,
Do tempo, tenho tudo em temperança;
Da sede, a sossegada segurança,
Sou puro pensamento já perdido.
Estou caro, cansado e comedido,
Da beleza belisco na balança,
Faço luzes e lanço minha lança
Em manso amor, não morto e bem medido.
De meu triste contento em mal desfeita
Paixão, que pairo e penso no presente,
Onde o passado peca por pesado.
No peso posso pôr pena perfeita,
De ser sozinho, e solto de dizente;
Que meu sentir é mesmo desprezado!
AUTOR: ANGELO AUGUSTO