O RETRATO DO QUADRO
De leve e solta prata de brancura
Confinada no estreito da repinta
Apertada na tela que mais pinta
O desejo de ver futura cura.
Alma em inquieta forma de loucura,
Que se vê pelo tempo tão extinta
Ao líquido escorrido em tanta tinta
Pelo quadro da morte por secura.
De sol tórrido e agreste pensamento,
Que se esvaza de negra e de tenaz
Mágoa num coração de tal lamento.
Em um golpe dum homem já canaz,
Feito no amor de púrpuro tormento,
Lacrimeja o ciúme pertinaz.
AUTOR: ANGELO AUGUSTO