Entrelace Eugênio de Sá e Arianne Evans: Meu Amor Não Tem Dono e Jamais Te Prenderia

E

Meu amor não é teu, nem de mulher nenhuma

É barco sem amarras, sem um porto de abrigo

Eterno navegante, talvez por meu castigo

Tem destinos de vento nos mistérios da bruma!

A

Não temas, que não me iludo, amar de longe aprendi

Sonhei - te porto seguro, mas sabendo - te oscilante

Coração feito gaivota solta em céu, ou brisa errante,

No nicho da alma triste, guardei o amor, desisti...

E

Por isso, eterna amante, não me prendas ao leme

Que eu triste morrerei, gemendo males d'amor

Perdida a liberdade, sentirei mais a dor

E a saudade de amar é o que o peito mais teme!

A

Eu jamais te prenderia, seria como prender - me

Minh'alma sabe a espaço, à estradas sem horizontes

Não vivo sem liberdade, sou como as águas das fontes

Mesmo sofrendo em silêncio, nem por ti irei perder - me!

E

Procura-me no mar, e lá me encontrarás

Entre as névoas da costa, e então me verás

Acenando-te ao longe, para além do farol…

A

Posso buscar - te no mar, mas sem qualquer ilusão

Estarás à minha espera, mas não o teu coração...

Irei, destemidamente! Mais que tudo, quero ver - te!

E

Tristeza não te trago, trago-te cheiros de mar

Nem saudade de mim, que me dou ao chegar

Descansos, esses sim, que me cansei de sol!

A

Irei brilhar na alegria, na luz, que trazes no olhar

Tu não sentes solidão, fostes feito para o mar

Porém eu, ah, que desdita, jamais consigo esquecer - te...