O meu desejo
Meu desejo é punhal que a carne dilacera
Uma arma branca que o empíreo atravessa
Urro que estremece oceanos na primavera
É vendaval que acorda no arrebol a avessa.
Meu desejo é garoa apedrejada de granizo
Areia a respirar sorvida pela língua da onda
É o sonho de um verso almejando ser indriso
Uma loba em defesa e a sua ninhada ronda.
Meu desejo se faz fogo, em água é ebulição
Um aço que encurva e que rompe estrutura
É demônio disfarçado em festa de candura.
Meu desejo é raio de sol que violenta a fenda
E que rasga a vestimenta negra da escuridão
Meu desejo, minha crença, inacabada oração.
Uberlândia MG
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