SONETO A BAUDELAIRE
A alma do vinho que encarnou Baudelaire
Penava pelas botelhas febril carência,
Proviera vagando por desejo mister:
Dar-se toda a um homem em liberta envolvência.
Do amigo deserdado - corpo entorpecido,
Queria goela abaixo febril instalar-se
Para engendrar a vida do eu comprimido
E romper o lacre ao derrame da catarse.
Pelas mesas rogando por lábio carmim
Para fluir o canto à musa que encanta
Na soltura de aromas dum corpo afim.
Vegetal ambrosia que a verve decanta,
Pela taberna manjada aos sons do tim-tim
E feliz vai aos deuses descendo a garganta.