SONETO A BAUDELAIRE

A alma do vinho que encarnou Baudelaire

Penava pelas botelhas febril carência,

Proviera vagando por desejo mister:

Dar-se toda a um homem em liberta envolvência.

Do amigo deserdado - corpo entorpecido,

Queria goela abaixo febril instalar-se

Para engendrar a vida do eu comprimido

E romper o lacre ao derrame da catarse.

Pelas mesas rogando por lábio carmim

Para fluir o canto à musa que encanta

Na soltura de aromas dum corpo afim.

Vegetal ambrosia que a verve decanta,

Pela taberna manjada aos sons do tim-tim

E feliz vai aos deuses descendo a garganta.

Vilmar Daufenbach
Enviado por Vilmar Daufenbach em 08/07/2013
Reeditado em 01/08/2013
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