MEANDROS DO QUE VI...
Eu vi as mãos rachadas se erguendo rumo ao céu
Sob promessas professadas, conclamadas à distância
Vi olhares tão perdidos cujas lágrimas sempre ao léu
Imploraram aos pés dos pódiuns vãs migalhas de esperança.
Eu vi corações cansados por angústia prevalente
Que a mim tão de repente também me assistolizou,
Num ato mecanizado dum discurso impertinente
Eu vi gente se valendo do tudo que se furtou.
Vi crianças tão famintas do poder das "onipotências"
Que sequer na noite fria lhes ofereceram um chão,
E com perplexidade também vi a indiferença
Dos olhos que o circo assistem com amanhecido pão.
Dentre tudo eu vi um abismo, uma obsolescência...
De direitos se esvaindo num rio de corrupção.