GRANDE BOBO
by Carlos Soares
Sozinho, de soslaio, a lua em mim...
(Cadeiras de metal para eu sentar!).
Ao longo desta noite sem jardim,
o dia é um pára-quedas sobre o mar...
Multiplicadamente eu sou assim:
um território oculto a conquistar,
Canaã onde nunca vou chegar,
princípio começado pelo fim.
Sobretudo, fingindo duras rosas,
gaivotas senis, pombas raivosas,
meu coração é este Prédio erguido ao ar:
arquitetura sólida de fogo
sustentada nas mãos do Grande Bobo
com quem passei, não sei quando, a habitar.