Mar
Mar profundo de tez ensangüentada,
De feridas abissais, de escuro infindo,
De monstros assombrosos consumindo;
Cardumes de brancura imaculada;
Tornei-me quando fiz Amor bem vindo;
Nas águas de meu Ser, na minha alada;
Alma cândida, alma governada;
Pelo som da Esperança, que ora é findo.
Mar infértil, sem vida, sem doçura...
Mar amargo e salgado onde a tristura,
Das correntes brutais, faz suas veias.
Onde o negro lamento meu, gelado,
Soa fundo, distante, contristado,
Como o canto soturno das Baleias.