Consolo
O amor me pegou desprevenida
como luz que alcança um cristal.
Decompus-me, então, de forma tal:
novas cores, mais brilho, vida... Vida!
Por amor desvelei-me em dar guarida
a esse prisma errático e perverso:
cambiante em dor, em prosa, em verso,
inconstante e perene... Oh, que lida!
Tanto amor! - mesmo assim, a paz é ida...
Tanta luz - e a cor já desbotou...
O que faz a pessoa desvalida
da esperança fugaz com que sonhou?
"Fiz poemas", respondo, "e sem saída:
afinal, só poesia me restou."