O grito
Ouço a voz do meu povo mais sofrido,
Refém da violência e da miséria,
A justiça jamais lhe dá ouvidos,
Somente lhe condena e lhe encarcera.
Ouço o trabalhador tão desvalido;
O aposentado que se desespera;
Ouço o desabrigado ressentido,
Que cada dia mais se depaupera.
Ouço o lamento dos desempregados;
O gemido de quem pede consolo;
Ouço as angústias dos adoentados...
... O que revolta mesmo é o absurdo
De quem pode fazer – se faz de tolo!
E quem pode mudar – se faz de surdo!