O INVERNO CHEGOU

O INVERNO CHEGOU

Aqueço-me com vinho pensando em você,

Mas passado o efeito só restam memórias...

Calores recíprocos de momentos de glória,

São as chamas que uso em eterno reviver...

Todo inverno reforço meu elo de saudades,

Ao moldar na mente os cenários de alegria,

Que rolavam no frio, e nossa paixão exigia,

Comprometidos apenas, à eterna felicidade...

Apelo pro meu cobertor, em nome da vida,

O reforço em calores, que de fato não tem...

A fonte era seu corpo, e agora, estou sem...

Antes de adormecer, declarando-a querida,

Peço a Deus que me leve pra viver no além...

Se você não me quer não serei de ninguém...

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Obrigado mestre Sophyzta Macabro:

No vinho está a verdade...

Embriaguez. Escorregadia e úmida.

Verdade que faz invejar o tom das paredes.

Elas são por si só. Paredes.

Apenas míseras paredes.

E, eu, sentado as observo e as invejo,

enquanto há um monologo crepitando na lareira.

Uma bela cacofonia cantarolando

suas mais diversas onomatopeias.

A brasa dança, pisa no pé da madeira seca,

pede desculpas e retorna à dançar. Desengonçada.

E, na transição entre sóbrio e ebriedade,

há um retumbar de palavras.

Um determinado grupo se juntando.

Uma marcha desenfreada montando um pensamento.

Triste. É tudo o que querem dizer.

O apego à vida e a inaceitável ausência,

cumprimentam-se. Mas, não ficam bem na mesma frase.

Há uma melancolia sendo chamada de vida.

Um desespero gélido embaixo do cobertor.

A quem quero enganar com esse calor artificial?

Não faz sentido e, Werther, foi um dos primeiros

a saber que não fazia... Como um bom discípulo,

farei o mesmo. Ser dono de mim, implica egoísmo.

Implica não aceitar que outrem

ou qualquer motivo possa ceifar minha vida,

exceto eu mesmo.

Quartos de hotel,

parecem propícios a solidão e suicídio, não? -

Um belo soneto. Parabéns, meu caro.

Para o texto: O INVERNO CHEGOU (T4357272)