Soneto da Morte
Soneto da Morte
A morte nos separa, daqueles que amamos. A saudade traz preciosas lembranças de um tempo que não volta mais... Nossos pensamentos se tornam escassos e as lacunas do tempo são preenchidas com “espaços”.
Somos obrigados a abraçar o vazio de nossos corações, remediando a nós mesmos, seguindo em frente... O ar se torna pesado, nossos pulmões se afogam nas ondas da saudade. Nesse presente lutamos para manter nossa estrutura, preparando-nos para uma passagem futura...
Seguindo pela longa estrada, onde a dualidade é nossa própria escolha, como as curvas desenhadas, encontradas numa folha. Passando pouco a pouco, o tempo se esvai, assim caem às pétalas quando o Outono cai...
E nos damos conta no meio do caminho, que a vida é passageira, ela corre e desliza, assim como uma barata ligeira. Tateando pela cegueira, esgueiramo-nos pelas frestas escuras, e na metade da passagem, descobrimos que para as chagas se tem curas...
Assim o grande livro queima sua paginas, desaparecendo palavras por palavras, e a água límpida aos poucos se transmuta em lavas. Nesse instante, a chuva entre em cena,quando os pássaros voam,deixando para trás suas brancas penas...
Abrindo uma porta, do qual ao transpassar existe um caminho, torto ou reto, porém afiado como a ponta de um espinho. Um amigo nos espera, por debaixo de seu capuz, estão àqueles brilhantes olhos, os olhos da morte, os quais muitos os temem, no entanto apenas demonstram um sinal de sorte...
E os portões são abertos, para uma nova realidade, a qual passaremos a presenciar seus momentos de verdades, sempre a deixar saudades. Nesse momento começam a badalar os sinos, as trombetas, do que pode ser a redenção, assim ensinando-nos, mais uma lição...
Como nas canções, renascemos, em suas notas mais a frente, perecemos... Assim começando um novo ciclo, um amanhecer, do qual mais tarde colheremos um entardecer. E lentamente vem chegando o crepúsculo, seguido da alvorada... Onde nós enxergamos os castelos de areia, daquela divertida brincadeira, permeada de sorrisos, como as pequeninas abelhas quando estão a planar perto da roseira...
Sem que percebamos somos despertados, em um estalo, como os fogos de artifício entre as estrelas, onde descansam os astros, onde esse encanto termina,assim como as dançantes melodias dos vagalumes,entre os zumbidos das flautas, onde nos damos contas de nossas faltas...
Assim os crimes nos vem a lembrança, pendendo pela balança, onde eternamente,dançaremos essa dança,harmônica e ideal,e tão doce,como um amigo da infância leal... O mesmo que nos espera no final, aonde nossos sonhos antigos e longínquos nos vem à tona, debaixo daquela lona, tecida pelos fios de outrora, o mesmo que nos conduzira a tão esperada Aurora...
Obs: Talvez não se enquadre,nas estruturas de um soneto. Porém morrer é tão belo,que chega a ser uma arte.