DOIS ENTES, UMA DOR
Se eu olhasse para nim, fitando-me no espelho,
E com os olhos vermelhos me visse lá dentro...
Não quisera entender esse meu desespero,
Não quisera entender porque tanto eu lamento...
Sou feliz, como as aves da calma floresta,
Como a doce donzela que espera o porvir.
Sou feliz como a harpa que modula nas festas,
Eu não prezo a tristeza, gosto mesmo é de rir...
Mas em mim há um ser que no espelho me fita,
Ele não acredita que eu seja assim.
É um poeta, um louco, talvez um artista...
Talvez ele veja o que eu não vejo em mim...
Mas se ele me fala, comove-me, e excita,
E o seu pranto se junta ao meu pranto por fim.