DOIS ENTES, UMA DOR

Se eu olhasse para nim, fitando-me no espelho,

E com os olhos vermelhos me visse lá dentro...

Não quisera entender esse meu desespero,

Não quisera entender porque tanto eu lamento...

Sou feliz, como as aves da calma floresta,

Como a doce donzela que espera o porvir.

Sou feliz como a harpa que modula nas festas,

Eu não prezo a tristeza, gosto mesmo é de rir...

Mas em mim há um ser que no espelho me fita,

Ele não acredita que eu seja assim.

É um poeta, um louco, talvez um artista...

Talvez ele veja o que eu não vejo em mim...

Mas se ele me fala, comove-me, e excita,

E o seu pranto se junta ao meu pranto por fim.

Geraldo Altoé
Enviado por Geraldo Altoé em 02/04/2007
Reeditado em 28/08/2007
Código do texto: T435505