TORPOR DAS INCERTEZAS





TORPOR DAS INCERTEZAS
Silva Filho


Faço-me ébrio no torpor das incertezas
Meu verso não alcança as entranhas
As letras são buquês e correntezas
Que servem pra moldar certas façanhas.

Se quedo-me assim... na encruzilhada
Um norte nebuloso eu pressinto
Sorver quaisquer palavras - como nada
É o mesmo que sorver o absinto.

Poemas são ardis... são labirintos
Que deixam corações muito famintos
Sem ninho, sem lençóis e sem lareira.

Por sendas escabrosas vou seguindo
Um canto “de sereia” vou ouvindo
Até que me encontre na clareira.