DA COR DA MAÇÃ




DA COR DA MAÇÃ
Silva Filho


Antes foi Éden - esse vergel do amor
Onde a serpente atraída pelo cheiro
Viu na maçã um pecado prazenteiro
Com lábios rubros clamando por calor.

Muitos milênios fizeram a história
E aqueles lábios que domaram a serpente
Ainda sorvem o veneno pardo e quente
Por um prazer que não perde a memória.

Entrementes - sigo eu pelo vergel
Como serpente, simulando estar ao léu
Para espreitar a bela pele da maçã.

Seguindo a sina de manter esse pecado
Insaciado com um fruto cobiçado
Quero comê-lo tal qual um leviatã.