Fanatismo e frustração (como ingredientes para elaborar os movimentos de massa segundo Eric Hoffer).
Quando oprimidos pela desvalia
nós relativizamos a razão,
perdemos relação e proporção;
sem metas nossa vida está vazia.
Eu, mais que uns menos que outros não me vejo,
sinto-me como o pior ser da criação;
feito só de impiedade e ingratidão,
meu coração é um quarto de despejo.
É o fanatismo de ódio sem alarde
que ao meu medo fantasia de proeza.
A falta de coragem mais covarde
é minha vocação para a fraqueza
em fogo e chama que alimenta e arde
até a última cinza de certeza.
Luca Barbabianca
(Este soneto foi escrito em maio de 2013, ao final da leitura de ”Fanatismo e movimentos de massa”, de Eric Hoffer, editado em 1951, 1ª edição brasileira pela Lidador, dezembro de 1968.
Pareceu-me oportuno publicá-lo neste momento em que observamos o início da efervescência social que conduz aos movimentos de massa, bem como me parece oportuno recomendar - a todos que se interessam por essa problemática - a leitura do referido livro e de outro, também de Hoffer, cujo título é "O intelectual e os movimentos de massa".
Que eu saiba, não há reedições novas dessas obras, mas creio que possam ser facilmente encontradas por meio de busca em sebos, o que pode ser feito pela internet).