Meu óbito
Finalmente tornei-me um fantasma,
Desde o momento que me expulsou
Da tua vida, dizendo que se cansou
Dos sofrimentos e da vida de lesma.
Às vezes, nem sei mais quem eu sou,
Como vivo inteiramente de sofisma,
Desde que veio ocorrer nosso cisma,
Vivo igual uma ave que não pousou,
De tão distante, tudo que vejo é caça,
Sem remorso nem alguma compaixão,
Os meus olhos veem somente carcaça.
Hoje enclausurado no mesmo caixão,
Porque não há nada mais que eu faça,
Eu estou invisível para minha paixão.