Desapego
Eu sou feito de farsa e zombaria,
e, ao mesmo tempo, vazio e omissão,
inda que ao peito traga um coração
que bate como água em pedra fria.
Eu nunca imprimi a minha transcrição
e, tal porta fechada à ironia,
transito em minha própria geografia,
por entre a realidade e a ficção.
Sou sobressalto e sou desassossego;
desabitei-me para ir ter ao mundo,
mas tenho a sensação de que não chego.
Supus que fosse raso, era profundo,
e, atravessando o rio do desapego,
quanto mais me debato, mais afundo.