Castigo
De um só fôlego furtei teu doce beijo,
Fui aventureiro, mas tive meu prêmio,
Que me lançou numa vida de boêmio
E nunca mais que matei o meu desejo.
Jamais que voltarei a ser um abstêmio,
Pois não quero voltar a ser muito rijo;
Não sei um dia quem sabe me corrijo
E aprenda conviver com novo grêmio.
Embriago-me, porém, ando tão sedento,
Porque meu vício, única via que eu vivo,
É estar na busca do meu doce alimento.
Aquele beijo que surrupiei foi o motivo
De agora não conseguir ter mais acento
Para repousar da sina que hoje convivo.