Sigilo
Aos poucos a cidade vai calando
As vozes carregadas de lamúria.
Calando-se também se vai a fúria
De um dia que se foi lacrimejando.
Não mais se vê daqui tanta penúria
Da gente que eterniza caminhando.
Aos poucos as estradas vão parando
De conduzir os pés para a luxúria.
Bobagem! Vem a noite e o que acontece
É que o silêncio vem quando anoitece
Para dobrar as coisas absurdas.
O mal, a morte, os ventos, os zumbidos,
Espalham pela noite seus gemidos
Aproveitando as ruas que são mudas.