COMPAIXÃO
Por vós, Senhora, na mágoa inclemente
De vossa ingratidão me deparo
A este intrépido amor e áspero
Que vos tem amado e odiado juntamente.
E a vós clama inconsolavelmente
Desguarnecido de vosso amparo,
Dói-me o brando peito de um ardor raro,
Que só quem injusto é desprezado sente.
Se nem meu amor nem meu ódio vos não move
Tanto a custo se quer, que à dura pena
Sustento-me em vossa injusta ingratidão.
Mas nada o duro peito vos comove,
Pois em meus rogos há tanta pena
Que o mais inclemente teria compaixão.