MOINHOS DE VENTO (soneto)
Ainda não esqueci em tantos anos
As setas aguçadas de ciúme
Partindo de teus olhos arcos-lume
Feitas dardos ferinos e insanos
Em mim ainda sangram incrustadas
Palavras tuas tão incoerentes
Chagas minhas antigas mas latentes
Que de vez só na tumba são saradas
De culpas inventadas me vesti
Fiz delas a couraça e resisti
Cedendo a quixoteiros desalinhos
Minha espada a palavra de Cervantes
No punho “vês gigantes, são gigantes”
No gume “vês moinhos, são moinhos”