Soneto do sono

É preciso fechar os olhos para sentir a leveza do ser

Pra ser assim: solto, livre e desatento às coisas mundanas

É necessário largar o corpo num berço, adormecer e querer

Que os sonhos sejam puros e doces feito pedaço de cana

É preciso abraçar as nuvens que flutuam de céu a sol

Pra ser assim: calmo, quente e ausente do firmamento

É necessário desprender das vestimentas e ser só

Que nem numa sinfonia o som de apenas um instrumento

É poder tocar sem ser tocado

Descansar o corpo e gastar a alma

Como quem manda vários beijos ao ser amado

É sentir o mundo orbitando na calma

Do silêncio da noite montado num cavalo alado

E com a harmonia da vida estendida na própria palma.

Vavá Borges
Enviado por Vavá Borges em 31/03/2007
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