Soneto descrente!
Foi ignorância de Minh'alma
As tantas vezes que duvidei,
Pois suspeitas são as cousas que
Crês quando dizes tu que errei?
E aos réus deste amargo criador,
Sobra em trapos da terra um sofredor,
É mentira cantada que não me falta
Aos males me condeno: Existe Alma?
Desta vida — esta ventura, mi'vivência.
Levo a paz pois acredito: Morte não é fim, é
Transcendência; E não hei de morrer como um mártir.
E aos que jugam-me louco, pobre em devaneio,
Deixo este último apelo: Viva a vida.
Pois esta — única — não permite regateio.
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Soneto escrito em sala de aula, logo quando minha professora disse (sem saber que se referia a mim) que ateus são pessoas ignorantes...