Página vazia
É página vazia, é ter a face morta
e o céu azul vestido à luz da pobre estrela,
que vive pelo dom de ser artéria aorta
da imensidão senil que vive em esquecê-la.
Nascida cheia em si, tão logo a face exporta
o dom de ser azul e ver o augusto pela
imensidão vendida à morte que conforta
o vazio do céu escuro por não vê-la.
Quão plena a luz do céu seria se escrevesse
estrela com azul na imensidão da face,
que a artéria aorta é mãe por dom que recebera.
Senil escuridade, em vivas mãos, tecera
na página vazia um verso; um vil disfarce,
que não disfarçaria o verso se entendesse.