Página vazia

É página vazia, é ter a face morta

e o céu azul vestido à luz da pobre estrela,

que vive pelo dom de ser artéria aorta

da imensidão senil que vive em esquecê-la.

Nascida cheia em si, tão logo a face exporta

o dom de ser azul e ver o augusto pela

imensidão vendida à morte que conforta

o vazio do céu escuro por não vê-la.

Quão plena a luz do céu seria se escrevesse

estrela com azul na imensidão da face,

que a artéria aorta é mãe por dom que recebera.

Senil escuridade, em vivas mãos, tecera

na página vazia um verso; um vil disfarce,

que não disfarçaria o verso se entendesse.

Jean Marcell Gomes Albino
Enviado por Jean Marcell Gomes Albino em 02/06/2013
Reeditado em 30/05/2016
Código do texto: T4321111
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