NUMA MESA

Os versos, quais farelos do destino,

Caíam pelas ripas de uma mesa

Onde bebe o Ideal e a Beleza,

Discutindo se o tinto é do mais fino.

Vão caindo, no esmero pequenino,

Sobre o chão madeirado de aspereza,

Alheios ao brigueiro, que na mesa

Toma a forma feroz do tom ferino.

O Ideal diz com peito avermelhado:

“Sou do verso o Titã, sou capital;

Só por mim a poesia tem criado!!!”

A Beleza, vencida, diz baixinho:

“Enquanto vossa musa é colossal,

Um poema nasceu no chão de pinho...”