Confissões (XXX)
Viver contigo o meu passado em teu presente,
rompendo os densos véus do tempo, eu bem quisera,
a transmutar o outono em plena primavera,
e me enflorar nos braços teus, tão simplesmente;
quisera estar nesse teu corpo, feito a hera
a te enlaçar, a te beijar a pele quente,
sentindo em mim o beijo teu, voraz, ardente,
pois tua ausência me entristece e me exaspera.
Quisera, sim, poder mudar o tempo atroz,
e desfazer, do seu bordado, os pontos, nós,
o abismo temporal que nos separa agora.
Mas sou apenas pó de estrela no Universo,
e vivo aqui, a tropeçar de verso em verso,
a cultivar o meu jardim, que nunca enflora.
Viver contigo o meu passado em teu presente,
rompendo os densos véus do tempo, eu bem quisera,
a transmutar o outono em plena primavera,
e me enflorar nos braços teus, tão simplesmente;
quisera estar nesse teu corpo, feito a hera
a te enlaçar, a te beijar a pele quente,
sentindo em mim o beijo teu, voraz, ardente,
pois tua ausência me entristece e me exaspera.
Quisera, sim, poder mudar o tempo atroz,
e desfazer, do seu bordado, os pontos, nós,
o abismo temporal que nos separa agora.
Mas sou apenas pó de estrela no Universo,
e vivo aqui, a tropeçar de verso em verso,
a cultivar o meu jardim, que nunca enflora.