Afrodite

Teu corpo de Afrodite incidental,

Nascido entre os escombros do meu dia,

Me surge enquanto dispo-me da cal

Das horas consumidas sem valia.

Teu corpo, epifania conjugal,

Sigilo e afago após a bizarria

Que me aflige tornando mais brutal

A mão que à noite busca-te erradia.

Refúgio de quem vive em meio às feras

De todos os banidos das esferas,

Dos anjos, prometeus e satanás

Que agora gozam, amam e trabalham

Na luta pelo pouco que amealham,

Afã com que teu corpo se compraz.