"A INVEJA"

Eu sou o que por mal chamam inveja;

Sou gentil arma dos seres mais fracos,

Sou filha de almas feitas em vãos cacos,

Sou tal espelho de quem tanto a veja.

Sou confinada em ser de que a deseja;

Sou pedaço, estilhaço em quebrar tacos,

Sou carne arremessada em tantos nacos,

Sou mente mal formada de quem seja.

Sou de um mundo cruel e tão crescente;

Sou porta, entrada, rumo deste inverno,

Sou veste humana do ser indecente.

Nem tenho sentimento, este fraterno;

Disfarço-me no ser que também mente,

Carne a ser condenada ao triste inferno.

Ângelo Augusto
Enviado por Ângelo Augusto em 28/05/2013
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