"A INVEJA"
Eu sou o que por mal chamam inveja;
Sou gentil arma dos seres mais fracos,
Sou filha de almas feitas em vãos cacos,
Sou tal espelho de quem tanto a veja.
Sou confinada em ser de que a deseja;
Sou pedaço, estilhaço em quebrar tacos,
Sou carne arremessada em tantos nacos,
Sou mente mal formada de quem seja.
Sou de um mundo cruel e tão crescente;
Sou porta, entrada, rumo deste inverno,
Sou veste humana do ser indecente.
Nem tenho sentimento, este fraterno;
Disfarço-me no ser que também mente,
Carne a ser condenada ao triste inferno.