Voz

Ganhei dos céus um lírico instrumento

Que diz em grifo a voz que à boca cala.

Ganhei a letra escrita como a fala,

A fala exterior de um pensamento.

Em cada letra aqui, um ai de dentro;

Um ai que nunca disse, um ai de gala.

Eu mudo-me ao que escrevo, trago a mala

e dentro dela todo sentimento.

O som destes fonemas fiéis conta

O que da língua nunca chega à ponta,

Mas fica a não dizer preso ao palato.

A voz que eu ganho em cada poesia

É bem maior que a voz que eu quis um dia

E fala em tom de singular ornato.

Alex Olliveira
Enviado por Alex Olliveira em 22/05/2013
Reeditado em 25/01/2020
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