CORAÇÃO DESERTO

É triste, mais que triste o coração,
Quando vazio d’amor num abissal
Deserto de emoção ressente o mal,
Não sente o amor, fechou-se em solidão.

E quando ao lado esquerdo põe a mão,
Alguém sente no peito a dor mortal
Como se ali cravara-se um punhal
No sentido vital já sem razão.

É triste a vastidão de um ser vazio
Como um deserto à beira dum abismo,
Que ao dia faz calor, à noite frio,

Mas no chão não lhe nasce uma flor
Coração que brotou só ostracismo
Na ostra onde ocultou-se a flor do amor.

CORAÇÃO MINADO

Minado coração vinga a saudade.
Brotando encharca o galho já pendente
Em árida planura, sarça ardente,
Crescendo em meus grotões, minh'alma invade.

Aquece-me no peito uma ansiedade
Que o não vivido cala e lhe consente
E um silêncio vazio invade a mente
E jaz no triste ser autopiedade.


Saudade é muito mais que uma vontade
Num rápido lampejo consciente
Que um lamento se faz assim tão ríspido

Saudade é encontrar felicidade
No que ficou pra trás n'alma da gente.
Se não, da vida tem-se um saldo insípido
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Estranha forma de vida> Mariza &  Carlos do Carmo.

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Destaque para os versos tanianos em grande estilo:

CORTE

Quem diz que essa dor passa
mente
quem esta saudade sente
ateu não é
nem crente
é anjo de asas pendentes
quem não quer esta saudade
se mata
e ainda assim
sob o solo
é saudade fremente
uma saudade  desse jeito
intermitente
não sei se deixa o sentidor triste
ou contente
quem uma saudade desse jeito sente
tem n'alma um corte que não cicatriza
e uma tormenta lhe obnubila a mente.


(Tânia Meneses)

 
LordHermilioWerther
Enviado por LordHermilioWerther em 22/05/2013
Reeditado em 22/05/2013
Código do texto: T4303674
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