Soneto ao Tempo
Por que tanto invejas à perfeição
A tornar tão belo moço, passado?
Que ódio ao coração apaixonado
Mata doído por tão bela obsessão?
A pó o que de pó se fez paixão
Não sentes remorso tendo humilhado?
Só almejo aquele rosto eternizado
E sê pó todo o razo coração
Por que não dissoas só os mal-amados?
Por que tornas bemóis desafinados
Os belíssimos tons pálidos que hão?
Por que obrigas esse poeta obcecado
A olhar, lúgubre, desacreditado
Seu enruivecido muso indo-se em vão?