Posseira
 
Quem será que nos chega de repente
e, sem pedir licença, vara a porta,
invade o nosso leito e nem se importa
se estamos disponíveis, simplesmente;
 
e traz a dor que o peito não comporta,
tornando a longa noite tão plangente,
e crava as suas unhas, inclemente,
em nossa flébil alma, quase morta?
 
Quem será que nos chega, qual posseira,
e finca seus esteios de aroeira,
e, sem pedir licença, nos invade?
 
Essa posseira que tem sede e fome,
que chega, sorrateira, e nos consome,
tu a conheces: chama-se Saudade.
 
Brasília, 18 de Maio de 2013.

Sonetos Diversos, pg.  96
Sonetos selecionados, pg. 35

Edir Pina de Barros (Flor do Cerrado)
Enviado por Edir Pina de Barros (Flor do Cerrado) em 18/05/2013
Reeditado em 01/10/2024
Código do texto: T4296181
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2013. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.