Reflexões VII
 
Se na dor sobrevive algum enlevo,
a réstia que ficou de um terno encanto,
precipitado intrínseco do pranto,
cantá-la, sim, desejo – e mesmo devo.

Ignorá-la? Nunca! Não me atrevo!
Por isso aqui a exalto, rimo e canto
(ainda que te cause certo espanto)
neste soneto que chorando escrevo.

Sem luz não haveria escuridão,
sem erro não teria, não, perdão
e o mundo, enfim, seria uma tristura.

A dor expõe a nossa humanidade,
do amor é filha, é filha da saudade,
a sacrossanta dor que nos tortura.

Brasília, 17 de Maio de 2013.
CICLOS, pg. 105
Sonetos selecionados, pg. 92
Edir Pina de Barros (Flor do Cerrado)
Enviado por Edir Pina de Barros (Flor do Cerrado) em 17/05/2013
Reeditado em 14/09/2020
Código do texto: T4296136
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