CRENÇAS MALSÃS

Impeço penúria a provir da esperança

traída por ásperos fluidos de gente

que ledos engole, os aperta e se entrança,

tal como jiboia faminta, potente.

Ah, tola, vadia ilusão persistente,

não finjas preciosa a fraquíssima aliança,

por mais uma vez, no despido da mente!

Não quero, de novo, sezões de vingança!

As tais ilusão e esperança vilãs

enganam de amenos a humana existência,

mas logo a sufocam no mar realidade.

Melhor extirpá-las – oh, crenças malsãs –

que apenas adiam certeira dolência;

beber, sem açúcar, o fel da verdade.

Marco Aurelio Vieira
Enviado por Marco Aurelio Vieira em 17/05/2013
Código do texto: T4294989
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