Alma Invisível
Havia alguns lírios brancos brotando bem junto ao muro,
E sobre o mármore escuro, um retrato já apagado
Tão amarelado rosto, onde se via um sorriso
Cedo levado da vida sem piedade, sem aviso...
Havia um vaso de flores sobre a lápide, murchando,
Como se alma e perfume, alguém os fosse levando
O lume da vela acesa a queimar, tal qual as dores
Fincadas dentro do peito como os caules das tais flores...
Havia alguém que rezava, dizendo palavras secas
Molhadas pela torrente de lágrimas tão profusas,
Confusas palavras ditas à sua falecida musa,
Que a ele observava, alguém que não era visto
E que de angústia penava por ser alma invisível
A vagar eternamente num limbo incompreensível.