Devaneios

Serve-me de exemplo a tu’alma pura.

Dize-me, pois, por que bem padeces,

se em cada pranto a tua dor se cura

e em cada beijo de amor se veste.

Vens, enfim, que minh’alma aquece

o frio apelo dessa tua jura

no seio ardente desta minha prece

que vai, que fica, mas sempre dura.

Dorme, pois, se teu suplício é forte,

deita o peito em cada dor antiga

e, se em teu olhar, a chaga vil suporte,

reluz, sorrindo, minha amada-amiga,

melhor remédio para quem a sorte

se fez ausente por toda a vida.

Israel Emídio