Utopia do silêncio com métrica (vamos escrever sonetos).

Estou nesta e em silêncio por momentos "breves espero...!!!"

Utopia do silêncio.

(Soneto decassilábico, com combinações de rimas entrelaçadas no 1º. e 3º. quartetos; paralelas no 2o. quarteto e cruzadas nos tercetos, de rimas perfeitas e imperfeitas).

Soneto em ordenamento, sujeito a correcções.

No utópico do silêncio tento dormir,

Não consigo relaxar nem sonhar,

O pensamento não me deixa ouvir,

Com gritos mudos não pára de bradar.

A surrealidade é uma loucura,

Que sabe andar na busca, procura,

A realidade é uma noção... ilusão,

Que nunca pariu uma razão... ficção.

Minhas palavras estão encerradas,

Entre páginas e livros nunca lidos,

Dedicadas, não devem ser trancadas,

Dizem tantas viagens, tantos sentidos.

Olhares... silêncio utópico, no momento,

Lábios fechados, hirtas línguas,

Cerradas, falta dicção pro lamento.

Desejo é forte, análogo de fatal,

As bocas estão na mesma, minguas,

Monólogos mentais, silêncio total.

De Carlos Pink.

Por soneto entende-se uma forma de expressão literária, inventada no século XIII e sempre ligada à música, que se define pela sua fixidez. De facto, é a composição mais rígida da literatura contemporânea: compõe-se de 14 versos, geralmente decassilábicos, agrupados em duas quadras e dois tercetos (segundo a tradição italiana) ou em três tercetos e um dístico (segundo a tradição inglesa).

Seguindo fielmente o modelo italiano, o soneto foi introduzido em Portugal por Sá de Miranda, embora se tenha tornado célebre pela pena de Camões e, mais tarde, em finais do século XVIII, pela de Bocage. Em 1860, Antero de Quental reafirma a importância do soneto, divulgando-o entre a Geração de 70. Já os parnasianos modernizam o soneto, através da «chave-de-ouro», sendo este recriado no final do século XIX, no período decadentista, por poetas como Camilo Pessanha, António Nobre ou Florbela Espanca. Passado o modernismo, também os escritores contemporâneos, como Fernando Pessoa, José Régio, Jorge de Sena e David Mourão-Ferreira, se renderam à forma do soneto, generalizado-a a várias correntes literárias, por vezes, com transgressões ou alterações, mas sempre como uma obra especial.

Uma obra especial

A razão de chamar ao soneto «uma obra especial» deve-se ao facto de que, nele, o poeta consegue uma admirável variedade (Álvaro Manuel Machado, «Dicionário de Literatura Portuguesa»). Além disso, dada a sua estrutura fixa, o soneto exige, frequentemente, um exercício de engenho por parte do escritor, dando, por vezes, origem a outras formas literárias tradicionais, como o vilancete.

Por outro lado, a estrutura do soneto permite escrever num modelo de tese e antítese, seguidas de uma conclusão, expressa no último terceto ou no último verso desse terceto, a chamada «chave-de-ouro».

Mais a mais, o soneto obriga a uma determinada concentração emocional, dada a sua forma breve, o que justifica a sua escolha por poetas como Nobre ou Florbela Espanca. Para Agustina Bessa Luís, a força emotiva do soneto está na suspensão que prolonga o sentimento (…) a composição perfeita do sentimento (Agustina Bessa Luís, «A Vida e a Obra de Florbela Espanca»).

http://www.prahoje.com.br/florbela/?page_id=2

Carlos de Carvalho ^ Pink e http://www.prahoje.com.br/florbela/?page_id=2
Enviado por Carlos de Carvalho ^ Pink em 12/05/2013
Reeditado em 04/08/2013
Código do texto: T4287070
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2013. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.