Azul
(F.M.B)
Este horizonte azul que me apavora
E esmaga-me diante do infinito
É um prenúncio, querida, desse aflito
E imenso temporal que me devora.
O mesmo azul do mar, a mesma aurora,
Que um dia em poesia houvera escrito,
Arranca do meu peito o horrendo grito
De quando tudo em cinza se descora.
Porém, nessa existência incongruente
Na qual meu ser apático equidista
Existe um ponto, apenas um somente,
Longe do azul, amargo e derrotista,
Onde me amparo sempre eternamente
No azul de vossos olhos de ametista.