PARTO

Do molambo da língua paralítica,*

É que surge por esse transporte!

Vem rompendo igualmente a um corte,

Pela matéria tênue, fraca, raquítica...

E chega ao vão da boca oca e mítica,

Essa exígua carcaça como suporte;

Elo profundo dentre a vida e a morte;

Motivo sórdido de horrendas críticas!

E nesse esbravejar sem deleite,

Reclama, ao menos, uma gota de leite,

E, sua MÃE, o sustém nos seios fartos!

Depois do aconhego dessa cena,

A criança se recolhe tão serena,

Nos recônditos simples de seu quarto.

*Verso de Augusto dos Anjos

Miguel de Souza
Enviado por Miguel de Souza em 08/05/2013
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