SONETO A MÃE

Compor-me-ei em versos súditos, grelos, entranhas,

Serei gota em sangue ao nosso mesmo elo

Candura é dos meus versos em mim, e tudo

Resta em fim tudo que sou dela, em fanal augusto,

E no romper brônquios o pranto fortuito ao ser esmero,

Laço-me ouvidos fecundos em tenra hora exata,

Na tez lívida ao lapso espanto dos olhos fitos

Cessa meu vagido desplante em teus braços.

Canta como quem canta os pássaros doces ninar,

Ouço-a epiderme ao frio tormento, ao esguichar

Túrgido falo Indômito, restam-me aconchegos leigos seios,

Não sabem eles que tenho fome mãezinha,

Fugaz ao teu tato quanto ao pulsar do teu peito.

E aos teus olhos, reafirmo em mim o mais belo espanto.