A PROCELÁRIA
A PROCELÁRIA
Ah! Não maldigas não, a triste procelária
Que voa aos gritos para o centro da tormenta!
Nem é horrorosa e vil na fama de agourenta.
Nem é lutuosa, nem é funerária.
Vê como a onda no rochedo se arrebenta.
E esmaga tantas vidas – louca e mortuária?
No entanto cantam sua fama de arrulhenta
Ao som da lira, na poesia milenária
A ave, coitada, não agride nem destrói;
Apenas busca auxiliar, num gesto herói,
Esvoaçando, frágil, contra a tempestade.
Louvemos sim a procelária pequenina
Que aplaca o horror, com asas brancas e divina,
Qual Cireneu a batalhar contra a maldade!
Salé, 15/08/1987 às 6,50hs. LUCAS Cand. De minha exclusiva autoria.