Soneto do adeus

A chuva caiu como lágrimas de Deus

na rua, no vidro, nos cabelos seus.

as nuvens tristes perderam a direção

com relâmpagos, afetos, alucinação.

Lhe beijei com lábios de adeus

a boca, o queixo, os olhos seus.

os cabelos afagados pelas mãos

finas e frias que não mais voltarão.

- Oh, querido amante que no meu corpo

magro e alvo percorreste ofegante

todos os caminhos à ti confiados.

Chegamos enfim ao fim da noite,

ao fim da chuva, ao fim do caso.

- Adeus, adeus..adeus meu feliz acaso.