SOBRAS

Por nada abandonaria as sobras,
se existissem. Assim faria.
Mas não faço. Talvez um dia
falemos de inacabadas obras.

Nada ficou do que não fomos.
A mancha no tapete é testemunha
do que eu era e me expunha
em inocências, equívocos, assomos.

Jantaremos as perdas numa qualquer
manhã. Eu virei, tu virás, se der.
E ao nada as sobras não jogarei,

porque sobras não existem em nós.
Quando muito, um descuido. Ficamos sós
mas de tudo vivemos, ao que sei.

Nelson Eduardo Klafke
Enviado por Nelson Eduardo Klafke em 04/05/2013
Reeditado em 09/05/2013
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